Câncer de próstata: uma visão geral

Introdução:

Formulei este material com o intuito de abordar de uma forma ampla o tema câncer de próstata.

Este material sem dúvida propicia uma visão sobre o tema. Entretanto, saliento que não possui o intuito de esgotá-lo. O assunto é extremamente extenso. Além disso, cada caso tem suas peculiaridades. Não deixe de discutir seu caso e tirar dúvidas com seu Urologista.

A próstata

Desenho ilustrando o posicionamento da próstata. Essa glândula se localiza imediatamente abaixo da bexiga e na frente do fim do intestino (chamado de reto).

A próstata é uma glândula sexual acessória que pesa aproximadamente 20 gramas. Sua função é produzir o fluído que protege e nutre os espermatozóides no sêmen. Ela fica localizada na porção mais inferior do abdome, a pelve. Logo abaixo da bexiga e em íntimo contato com o reto, a porção final do intestino. É cercada pelos ossos da bacia.

Diagnóstico:

O diagnóstico definitivo da neoplasia de próstata é feito através da biópsia da próstata.

Entretanto, muitos pacientes podem achar que o exame do PSA e o exame digital da próstata (toque) que levam ao diagnóstico, o que não é verdade.

O exame do PSA e do toque são exames voltados para o diagnóstico precoce (screening) de uma eventual neoplasia da próstata.

Ou seja, com essa estratégia (PSA e toque), o urologista irá avaliar se o paciente tem alguma possibilidade de ser portador da neoplasia da próstata. Caso se identifique algum risco, será solicitada a biópsia. Caso os exames estejam completamente normais, a biópsia não será necessária e o paciente pode então seguir a sua rotina habitual de consultas.

Outra ferramenta que pode ser útil para auxiliar no diagnóstico é a ressonância da próstata, que pode auxiliar na decisão em se fazer ou não a biópsia. Para os pacientes que já têm o diagnóstico comprovado, a ressonância pode auxiliar a determinar a extensão do tumor na próstata e então auxiliar no planejamento cirúrgico.

Fatores de risco:

Os fatores mais conhecidos que elevam o risco do aparecimento do câncer de próstata são: história familiar, homens negros, obesidade e idade avançada.

O câncer de próstata

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo tipo de neoplasia mais comum entre os homens. Cerca de 68 mil novos casos são diagnosticados por ano.

O tumor pode ser diagnosticado em três fases distintas. A primeira delas, é quando a lesão está totalmente confinada à glândula (forma localizada), a segunda é quando já ocorreu o crescimento de células tumorais para fora do órgão (forma localmente avançada) e a terceira é quando já ocorreu o crescimento de células tumorais em uma região distante do órgão (metástases). 

Ilustração demonstrando desde uma próstata saudável até uma próstata com tumor em estágio avançado.

É recomendado o início do acompanhamento de rotina para o diagnóstico precoce do tumor de próstata a partir dos 45 anos.

Tipos de cirurgia para câncer de próstata

A cirurgia é uma das principais modalidades que pode ser usada para o tratamento das formas localizadas e localmente avançadas. 

A cirurgia pode ser dividida em três modalidades. A cirurgia convencional ou aberta, videolaparoscópica e videolaparoscópica assistida por robô (cirurgia robótica). Apesar de existirem diferentes tipos de vias, a proposta da cirurgia é a mesma, que consiste na retirada da próstata e das vesículas seminais com ou sem a retirada de gânglios linfáticos localizados próximos à próstata (dependendo do caso de cada paciente). 

Em determinados casos, nos quais o câncer de próstata é muito pouco agressivo, há a possibilidade de postergar o tratamento, o que é chamado de vigilância ativa. É importante ressaltar, que isso não se refere a um simples acompanhamento, pois são necessárias consultas, exames e biópsias da próstata periodicamente. 

Nos meus atendimentos, quando optado pelo tratamento cirúrgico, proponho as vias minimamente invasivas (laparoscópica e laparoscópica assistida por robô [robótica]).

Prostatectomia radical laparoscópica:

É realizada através de pequenas incisões abdominais, através das quais as pinças são inseridas para realização do procedimento, a peça cirúrgica é retirada por uma pequena incisão que varia de 2 a 4 centímetros por uma das incisões, que está localizada próximo ao umbigo. 

As vantagens do acesso laparoscópico são principalmente o menor índice de sangramento durante o procedimento, bem como recuperação pós operatória mais rápida, incisões abdominais menores e melhor controle da dor relacionada ao procedimento.

Prostatectomia radical laparoscópica, assistida por robô (robótica):

A cirurgia robótica consiste em uma técnica que pode ser considerada uma “evolução da laparoscopia”, devido ao movimento mais amplo das pinças, ótica com maior magnificação da imagem e visão 3D e pinças descartáveis. Este conjunto de características possibilita realizar o procedimento com maior velocidade, menor taxa de sangramento, maior preservação das estruturas adjacentes à próstata e que são responsáveis pela função erétil e pela continência de urina. 

Estes fatores fazem com que a cirurgia robótica possibilite um menor tempo de internação, menor dor no pós operatório, retorno precoce às atividades, recuperação mais rápida da continência urinária e da função erétil. 

É importante ressaltar que a cirurgia robótica não elimina os riscos de impactos na função erétil e na continência de urina e que há grande variabilidade de resultados dependendo das características de cada paciente e de cada tumor que foi diagnosticado.

A cirurgia

A prostatectomia radical, independente da via de acesso utilizada, consiste na remoção da próstata e das vesículas seminais. 

Como podemos ver na imagem abaixo, os nervos responsáveis pela ereção e em menor escala pela continência de urina (setas amarelas) e o músculo responsável exclusivamente pela continência de urina (esfíncter uretral – seta marrom) estão em íntimo contato com a próstata (em roxo com a letra P).

Para que a cirurgia seja realizada, invariavelmente irá ocorrer alguma manipulação nessas estruturas. Por este motivo, pode ocorrer impacto na função erétil e na continência de urina. Caso ocorra, este impacto é muito variável para cada paciente devido às características únicas de cada indivíduo e do tumor que foi diagnosticado.

Por este motivo, é fundamental conversar com seu Urologista sobre as possibilidades no pós operatório de acordo com o seu caso.

Ilustração esquemática mostrando a íntima relação da próstata com os nervos responsáveis pela ereção (seta amarela) e com o músculo responsável pela continência de urina (seta marrom).

Preparo pré operatório e cuidados pós operatórios

Há uma cartilha de orientações completa em meu blog, com dicas e recomendações pré e pós operatórias.

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